[ANÁLISE #1 - Contém Spoilers] - Série Divergente e seus filmes

By Soul dos Livros - 10:52

Boa noite, pessoas! E lá vamos nós, fiquem comigo que hoje vai ser bom.
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Todos conhecem a história básica da série Divergente, talvez por terem lido o livro, talvez por terem visto os filmes, ou porque algum amigo contou. Facções, Dia da Escolha, Tris é Divergente.
Deixa eu explicar como vai ser essa nossa resenha: eu não vou analisar direção, cenário (tecnicamente) ou se o filme vendeu o que tinha que vender. Vou pegar um ponto em que várias pessoas tem problemas quanto à adaptações de livro: fidelidade. E não sou nenhuma ignorante ou ingênua para pensar que para o filme ser bom tem que ser uma leitura exata do livro - pois isso é impossível. Pegarei a história geral de cada livro e compararei a história geral de cada filme correspondente. Se o filme, como adaptação, foge muito da história original, para mim, faltou atenção. Vão entender melhor a seguir.



Primeiro filme
Acho que será sobre o qual eu falarei menos porque realmente não acho ruim a adaptação. A história geral se manteve de um jeito aceitável, alguns exageros ou cortes que como leitora eu gostaria que não tivesse havido. Mas nada capaz de deixar quem leu irritado realmente com o filme. Foi bem feito e equilibrado, alguns fatores se diferiram como a Tris não andando de ônibus ou não tendo a cena da escola. Ficou rápido no filme, isso talvez alguns achem que foi perda de conteúdo. Mas filmes precisam cortar algumas coisas. É complicado achar que os roteiristas serão capazes de adaptar tudo exatamente como era só porque querem; tem muitos fatores que interferem.
    Como leitora de Divergente, eu achei o filme justo. Não perfeito, mas justo. Falou o que precisava falar, colocou as personagens onde deveriam estar. Tori, Jeanine, até mesmo o Quatro. Todos têm a motivação que teriam para agir de certa forma. A Jeanine é colocada no lugar que ela pertence, como vilã sorrateira e eu admito que não me arrependi de ter visto o filme primeiro. Me animei e fui atrás do livro, o qual eu gostei ainda mais. Senti falta do Uriah no primeiro filme, já que ele tem um papel de “paz” para Tris quando ela está consternada ele conversa com ela e a chama para a tirolesa como um amigo. Gosto do Uriah de um modo muito especial, como o meu personagem secundário amorzinho. Rs. E acho que também por isso eu me senti muito mal quando todas aquelas coisas acontecem com ele.
Segundo filme
    A partir do primeiro filme, eu li os livros antes de assistir o filme, então tive um choque muito maior ao sentar para assistir à história ser esticada e remendada de um jeito muito chato. Ao contrário do que eu posso dizer do primeiro, o segundo filme foi uma tremenda decepção. Eu falo sério. Tinham tantas diferenças extremas e ridículas que eu fiquei muito irritada. Como eu disse acima, eu entendo que o filme não pode conter todos os detalhes do livros, portanto, eu não ligo que não tenha explicado muito algumas partes; por exemplo como o Quatro virou um dos líderes do grupo, porque o importante é que ele seja identificado como superior e segue a vida. Entendo. Agora, sabendo disso, deixem que eu lhes dê as cinco questões principais que me levam a considerar o filme muito ruim como adaptação de livro:
1 - Jeanine sabe algo sobre o mundo de fora?
Livro: Sim e ela quer impedir que as pessoas descubram. Como ela já viu o vídeo que a Abnegação (como facção líder) guardava, teme que os divergentes sejam a total ruína da cidade e teme o mundo de fora.
Filme: Não, ela só sabe que a Abnegação guardava uma caixa (que não existe no livro) e que só um divergente pode abri-la, porque tem que passar nas simulações que a caixa guarda como se fossem níveis de um jogo.
2 - Qual é o desejo principal de Jeanine em relação aos divergentes?
Livro: Como a ideia de matá-los (que ocorre no primeiro livro) não tem um bom resultado, ela passa a focar firmemente em desenvolver um soro para que possa controlar os divergentes. Portanto, ela busca acima de tudo entender os divergentes e como suas mentes funcionam (em via de saber exatamente o que neutralizar com o soro, por exemplo).
Filme: Como ela quer abrir a caixa, precisa dos Divergentes. E mata alguns simplesmente porque estes morrem durante o teste.
3 - Por que a Tris é escolhida como melhor cobaia?
Livro: Porque ela é a melhor em controlar e vencer as simulações, a divergente que teve mais resultados no teste de aptidão e, teoricamente, a mais forte. Então, além de estudá-la, Jeanine sabe que: se conseguir dominar ela, conseguirá dominar os outros.
Filme: Já que ela é tão capaz de superar as simulações, colocam-na como talvez a única cobaia capaz de sobreviver aos testes de abrir a caixa.
4 - O que Tris tem que fazer em via de vencer Jeanine durante seu período dentro da Erudição como cobaia?
Livro: Superar todas as simulações expostas a ela. Ou seja: precisa sempre perceber que é uma simulação e sair dela conscientemente disso.
Filme: Passar em todas as simulações, não para sair delas como no livro, mas em via de passar para a próxima simulação. Como que aceitando estar naquela cena. No filme é como se ela quisesse continuar na simulação, já que é para abrir a dita caixa.
5 - Sobre o vídeo do “lado de fora”:
Livro: Tris sabe que existe algo que Jeanine não quer revelar a todos, mas não consegue convencer ninguém a ajudá-la neste quesito. Nem mesmo Quatro está com ela nessa e Tris tem que se aliar ao pai odiado do namorado só para conseguir ter uma chance de descobrir. Existe uma invasão muito na surdina enquanto outro conflito está rolando, só para que ela conseguisse o vídeo. E a Jeanine morre no processo, morta por Tori, sem que Tris consiga entender muito bem o que é o segredo. Depois de mais crises, Quatro confia em Tris e usa o irmão dela para que o vídeo seja espalhado.
Filme: Tá todo mundo achando ok, o Quatro não fala nada, ela só se conecta lá e pá pum. Tá o vídeo pra vida inteira.
Tudo isso se resume em uma coisa: MOTIVO. O filme mudou e bagunçou o MOTIVO do livro. O porquê de algumas coisas acontecerem; o que leva Jeanine a tais atitudes; o que leva Tris a tais atitudes; o que leva as pessoas a tomarem decisões em geral. Isso torna o filme uma má adaptação. Não é a comida de cenas, de jeito nenhum. Às vezes sentimos falta, mas dá pra viver sem. Agora, ver a Jeanine com uma caixa à lá Pandora e a Tris tendo que se manter nas simulações ao invés de SAIR delas de um modo demais e épico, é muito para a minha cabeça. É pedir demais dos leitores que entendem muito melhor a história.
Respirando, agora, para quem não leu o livro e não pretende ler, o filme 2 é passível de aprovação numa boa. Não parece falso ou confuso, pelo contrário. Se você nunca leu o livro e não quer ler, mas tá afim de ver o filme. Veja, ok, mas saiba que não é a mesma história que no livro. Como filme individual talvez ele seja até bom, admito. Como adaptação, ele é um fiasco.
Terceiro filme
“Alguém para esse filme que eu quero descer! Meu dinheiro de volta! Minha pipoca dupla como compensação!” - Foi assim que me senti ao sentar na sala de cinema no mês passado e começar a assistir o Convergente. Antes que digam e chorem sobre como irá ter um quarto filme ou algo assim, por favor, só leiam. Vão entender que não são argumentos fracos os que vou mostrar.
Se vocês leram a resenha anterior, já me ouviram explicar sobre o mundo tecnológico que envolve o lado de fora do muro. Para quem não leu vou lembrá-los: esse “mundo tecnológico” não passa de uma tecnologia similar ao que seria o nosso 2030 ou 2035. Nunca seria 2152 como mostram no filme.
No terceiro filme eles cometem tantos erros e confusões que eu nem sei como descrever. Colocam o lado de fora como um lugar que parece Marte de tão arenoso e acabado (o que não tem nada a ver com o livro, que é só mais um campo ou cidade espalhada); existem aeronaves super evoluídas que englobam as personagens em umas cápsulas para conter “toxinas” (nem preciso falar que no livro não tem nada disso, né?); e acima de tudo, para coroar mesmo com aquele spoiler gostoso que todo mundo já ouviu:  A TRIS NÃO MORRE.
Gente, eu chorei quando ela morreu, chorei pra caramba com os capítulos seguintes do Quatro, não queria que ela tivesse morrido e tals. Não é isso. Mas concordam que foi um ponto lógico e aceitável do livro? Ela foi baleada de uma distância que dificilmente o David poderia realmente errar e não foi um tiro. Foram dois (ou três se não me engano). E foi uma morte com motivo.
Eu assisti ao filme com uma amiga e eu já estava na metade do livro. Então, vamos analisar o cenário: eu tinha lido metade do livro e já me desesperei com o que fizeram com a história. Agora que terminei o livro, achei o filme ainda mais exagerado e vazio. Como eu e a Kirara (a dita amiga) queríamos pelo menos tentar gostar do filme, tentamos deixar a mente aberta e relocalizar as cenas com as do livro, conforme elas apareciam. Sabíamos, por exemplo, que era a cena que eles estavam fugindo da cidade e indo até o departamento, mas não dava para comparar de tão diferentes que eram. Vou tentar pôr alguns pontos para que vocês notem melhor.
- David e Tris: No livro, a relação dos dois é quase fraca. Ela o tem como referência de um líder do Departamento e como alguém que conheceu a mãe dela. Isso os aproxima um pouco. Mas assim que ela descobre sobre o soro de simulação, que foi fabricado pelo Departamento, ela fica enfurecida com este e não confia mais em nada que ele lhe diz. Inclusive, ela se torna espiã do grupo contra o Departamento, pois ela é convidada a ser aprendiz do Conselho do Departamento e usa esta posição para ter acesso às informações. Agora, no filme? Meu Deus, o que foi aquilo? A Tris sendo totalmente convencida pelo David e discordando do Quatro quanto às suspeitas dele? Para tudo. Se acontece algo similar é ao contrário, com Quatro convencido por Nita, que não ouve Tris. A Tris sempre suspeita que algo não está certo. Então, desculpa galera do filme, mas a Tris pode ser indecisa às vezes e complicada, mas com certeza não é tonta como a moça que colocaram no filme. Ela vestida de vestido branco e social então, nem se fala. Se tem alguém que gosta de calça e camiseta é aquela garota. Rs. Se tem algo que eu não entendi foi por que rebaixaram a capacidade dela, sendo que a Tris não só é a principal básica como uma pessoa muito rápida no terceiro livro. Ela já está superando a ideia de ter matado pessoas, consegue agir, dificilmente empaca ou perde o juízo. E quer viver. Superou a ideia de morrer para ficar com os pais e tudo mais. Justamente no terceiro livro é quando percebemos como a Tris cresceu e amadureceu, e tiraram isso dela drasticamente no filme.
- Peter e o soro da memória: No livro, o Peter está tão cansado de ser ele mesmo, que praticamente diz ao Quatro que, ou ele entraga o soro para ele, ou ele vai pegar à força. Eles até lutam por causa disso. Peter simplesmente não aguenta mais ser quem é e quer começar de novo. No filme, estavam tão apegados à imagem do Peter impiedoso e interesseiro que o colocaram como vilão secundário, onde ele se protegeria do soro enquanto todos os outros se esqueceriam, e ele teria um lugar ao lado do David na “nova ordem”.
- Tris e Caleb: Mas o que acontece naquele filme?! A Tris praticamente odeia o irmão e no filme eles se perdoam quase imediatamente depois que ela o salva. No livro eles realmente tem uma relação complicada de “vai, não vai” no questão de perdão e há uma hora em que a Tris explicitamente soca o Caleb sequencialmente. Ela só o perdoa verdadeiramente quando ele decide morrer pelos outros (e não por compaixão, mas porque ele não aguenta mais a culpa) e ela concorda em fazer o possível para perdoá-lo. E naquele momento em que ela troca de lugar com ele e vai correndo para o laboratório de armas, aquele momento é o que a coloca de volta como irmã e o perdoa. A relação de Caleb e Tris foi muito mal aproveitada e no filme deixaram a repulsa de Tris algo muito raso. Quase não tem conflito.
- A morte de Tris: Eu e Kirara tentamos localizar onde seria a morte da Tris no filme e conseguimos. Caberia perfeitamente na hora em que ela desce para encontrar o núcleo da máquina para cancelar o espalhamento do gás composto pelo soro da memória. Pensamos que um jeito de ela morrer seria se David tomasse controle dos “drones” que acompanhavam ela e fizessem atirar nela enquanto ela desativava a máquina. Não seria pelo mesmo motivo de espalhar o soro no Departamento, mas seria uma morte com motivo razoável. E ela morreria pelas mãos do David e com tiros. Era uma resposta. Mas ela não morreu em nenhum momento e acho que um dos pontos altos do Convergente se perdeu aí. O ponto crítico do sem-volta, os pensamentos do Quatro, o fim do livro. Tudo ficou meio vazio sem a morte de Tris.
- Universo: Pessoas, lembram quando eu disse na resenha que o universo de Divergente é algo plausível? Tudo o que acontece é aceitável e compreensível. Muitos pontos chave, realmente críticos que não poderiam ter sido deixados de lado são deturpados e mexidos demais. No filme tudo acontece muito “sem explicação” e parece que as personagens estão perdendo o foco toda hora. A história da Margem não tem nada a ver também, as crianças com as memórias apagadas. Os soldados que levam as crianças para os orfanatos são citados no livro e não possuem relação nenhuma com o Departamento. Chegam a ser confundidos por soldados e a todo momento precisam reafirmar que são cientistas.
Quarto filme (?)
Agora, se a história já foi toda sacudida assim, como vão fazer um quarto filme? Eu não sei de onde vão tirar mais história, eu admito totalmente. Tentei pensar, dei uma “folheada” a mais no livro, mas não consigo entender o que planejam com o filme. Sabemos que o próximo vilão também será David e que a maioria dos acontecimentos girarão em torno dele, mas para quem leu Convergente e até mesmo para quem está assistindo o filme, um quarto parece uma ideia muito fraca. A história não precisava de um quatro filme. Se fosse bem arrumado, o roteiro teria sido ok. Era só tirar aquela faceta futurista e excêntrica que revestiram o mundo do lado de fora e terem deixado a Tris morrer no tempo certo. Eu sinceramente não sei se verei o tal quarto filme. De verdade. Eu não sei de onde vão tirar mais história daquele livro o suficiente para remendar todas as porcarias que fizeram com o terceiro filme.
E acho que nem mesmo o livro do 4 pode dar mais alguma coisa para eles. Segundo o que eu li, antes de vir fazer a análise, o diretor mudou e o quarto filme talvez possa salvar um pouco a dignidade da série. Mas honestamente o segundo filme já me deixou bem decepcionada, quando vi o terceiro eu quase não acredite. Fiquei esperando pelo momento que me deixaria mais animada, mas tive que apagar todo o livro da minha cabeça para conseguir engolir o filme.
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Bem, gente, acho que é só. Quem leu os livros e viu os filmes, comente aqui o que achou e se concorda ou discorda de mim, também. Sempre é bom ter várias opiniões! Para quem não assistiu o filme ainda, desculpe se desanimei. Podem ir atrás de outras comparações, vão ver que não sou a única que se decepcionou, rs. Foi meio universal.
Espero que tenham gostado e, se gostaram mesmo, talvez eu faça uma dessas com o “Instrumentos Mortais” também. Eu já tinha assistido o filme e agora leio o livro. Vamos ver o que vai sair disso! Rs. Se quiserem, comentem por favor. É muito bom ter a interação de vocês!
Boa noite! E até a próxima.

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12 comentários

  1. O êxito do filme se deve muito ao grande elenco que é bastante conhecido pelo seu grande trabalho. Convergente e um muito bom filme, quando vi o elenco do filme automaticamente escrevi nos filmes que deveria ver porque o elenco é realmente de grande qualidade. Ansel Elgort e me ator favorito. Ele sempre surpreende com os seus papeis, pois se mete de cabeça nas suas atuações e contagia profundamente a todos com as suas emoções. Adoro porque sua atuação não é forçada em absoluto.Seguramente o êxito de Ansel Elgort filmes deve-se a suas expressões faciais, movimentos, a maneira como chora, ri, ama, tudo parece puramente genuíno. Sempre achei o seu trabalho excepcional, sempre demonstrou por que é considerado um grande ator.

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